quinta-feira, 30 de março de 2017

Pais também praticam bullying com os filhos - Daniela Knapp, psicóloga.

Pais também praticam bullying com os filhos
Disponível em: < https://www.realmentemulher.com.br/single-post/2016/11/08/Pais-tamb%C3%A9m-praticam-bullying-com-os-filhos>.

Geralmente ouvimos falar no bullying praticado nas escolas por colegas ou amigos da criança. Mas esse problema pode ultrapassar as fronteiras da educação e ser um problema doméstico também.  Ou seja, os pais também podem facilmente ultrapassar o limite do bom senso na hora de criar um filho.
O bullying acontece quando uma pessoa toca no ponto fraco da outra pessoa, e ativa ainda mais um defeito, ridicularizando, excluindo e fazendo com que ela se sinta inferior. Os pais praticam o bullying quando começam a criticar um filho repetidas vezes.
Falar palavras duras ou taxar um filho de “burro”, “mal educado” ou simplesmente “briguento”, “teimoso”, “difícil” e “agitado” pode trazer duras consequências para esse filho que tem a tendência de reproduzir aquilo que os pais estão falando a fim de suprir as erradas “expectativas” desses pais.
Mas por que os pais praticam bullying com os filhos?
Os pais têm a tendência natural de educar os filhos através da sua própria experiência. Lembrando-se das atitudes dos próprios pais é que é construída a identidade paterno-materna diante dos filhos. Enquanto filhos, olhamos para os pais como exemplos de uma história que queremos reproduzir ou não.
No caso de haver uma identificação, as atividades paternas são reproduzidas ou repetidas de maneira muito semelhante ao modo de cuidar recebido. Essa afirmação vale tanto para comportamentos bons, como para ruins. Por exemplo, podem-se repetir as brincadeiras que seu pai fazia, seu amor e carinho. Mas, também se pode repetir sua ausência, amargura ou descontrole.
De outro lado, pode também ocorrer uma identificação negativa, que são os comportamentos que não se quer repetir. É aí que mora o perigo, pois reações comportamentais compensatórias podem acontecer. Mas, o que é esse comportamento compensatório? É uma maneira de compensar aquilo que se sofreu na infância. Por exemplo, se a pessoa sofreu por negligência na infância, poderá se tornar um pai superprotetor. Se sofreu agressões, pode ter muita dificuldade em corrigir. E assim por diante.
Por mais que os pais falem “não quero fazer com meus filhos o que meus pais fizeram comigo”, a verdade é que muitos pais acabam fazendo sem perceber ou fazendo totalmente o contrário, sem conseguir agir com equilíbrio e ponderação.
Analisar e refletir a própria história como filhos é se suma importância para que se desenvolva uma paternidade sadia, sem o aprisionamento de modelos. Gerar a própria identidade como pais pode contribuir muito para o amadurecimento e crescimento pessoal, refletindo em escolhas saudáveis para os filhos.
Quais as consequências do bullying para os filhos?
As críticas e comentários pejorativos podem minar a autoestima dos filhos, que muitas vezes não tem discernimento para entender que os pais podem estar errados no que falam. Muitos podem crescer se sentindo incapazes ou agindo da forma como os pais estimularam. A criança que sofre bullying pode apresentar baixa autoestima, sensação de raiva e medo, pesadelos e insônia, depressão e ansiedade, desconfiança nas relações sociais, sentimentos de culpa por ser agredidos, problemas de saúde e reprodução da própria violência que sofre com outras pessoas.
Como reverter a situação?
Para evitar o bullying, os pais devem educar os filhos potencializando o seu melhor e neutralizando o seu pior. A educação deve ser baseada nas qualidades do filho. Se os pais elogiam e valorizam as qualidades, os defeitos acabam perdendo a força. Assim, os pais incentivam o bom comportamento dos filhos, que naturalmente se esforçaram para conseguir mais elogios e serem bem vistos pelos pais.
A dificuldade de muitos pais está em perceber as qualidades dos filhos. Afinal, como elogiar se estão fazendo tudo errado? Se estiverem se comportando mal ou se poderiam fazer uma atividade melhor? Isso acontece porque naturalmente olhamos mais os erros do que os acertos, mas com o tempo é possível aprender a focar mais nas qualidades. Talvez no início o esforço seja maior, mas depois a atitude se torna mais natural.
A Bíblia nos adverte: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade , e assim, transmita graças aos que ouvem.” (Efésios 4:29). Lembre-se que os filhos são principalmente aquilo que os pais falam a seu respeito. Por isso, é essencial que os pais entendam o peso das palavras sobre a formação da personalidade dos filhos. É essencial não confundir o que os filhos fazem, ou como eles agem, com o que eles são.




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