terça-feira, 10 de novembro de 2020

FELIZ ENGANO – Amor incondicional – Consequências dos atos – Elevação espiritual – Fraternidade

 

FELIZ ENGANO – Amor incondicional – Consequências dos atos – Elevação espiritual – Fraternidade

 

Maria Abadia R. de Almeida

 

Amaro M. Silveira, homem de pouca cultura, mas de virtudes conhecidas, como sacerdote do lar, era o condutor seguro dos interesses familiares. Sabia ser pai, irmão e amigo dos frutos de sua carne.

Símbolo de dedicação fraternal detinha a estima da comunidade em que vivia. Raros eram aqueles que não reconheciam a grandeza de sua alma. Era, sempre, visto distribuindo pão e carinho, sem arroubos de afetação. Como precioso agente da matemática divina, multiplicava a alegria, dividia a dor, somava esforços e diminuía dificuldades.

Na sociedade espírita a que se filiara, era padrão de pontualidade, responsabilidade no trato das revelações doutrinárias e permanente bom ânimo. Jamais alguém lhe anotara a ausência, sem motivos, nas sessões que frequentava, ainda que o barro da rua lhe embaraçasse os passos e a borrasca desabasse ameaçadora. Nas mais insignificantes tarefas, sua fé resplendia.

Invariavelmente, à noite, saturado de paz infinita e debaixo de intenso cansaço, punha-se a orar. Comovido, via-se rodeado de esmeraldinas cintilações e chorava agradecido. Alimentava o desejo de conhecer o benfeitor que o abraçava e que, à feição de um guardião amoroso, lhe tutelava os passos, amparando-o nas lutas diárias.

Por muitas vezes, durante anos, o fenômeno se repetiu.

Cada vez mais feliz, Amaro não escondia o desejo sincero de beijar as mãos do venerável amigo que lhe garantia a vitória no Bem.

Até que, um dia, a máquina incessante da vida, por solicitação do tempo implacável, determinou o seu retorno ao luminoso país da verdade.

Após orar, como sempre fizera na simplicidade de suas intenções, mentalizou a presença do companheiro celestial.

Não poderia esperar tamanha surpresa. Agora, liberto do fardo físico, verificava, deslumbrado, que o benfeitor era ele mesmo. As luzes que o rodeavam mais intensamente nos momentos culminantes da prece vinham de sua própria constituição perispiritual. Eram a expressão real e sublime do seu amor ao próximo. Eram a auréola radiosa de sua humildade, que conquistara desinteressado com o Cristo.

Texto retirado o livro: “A luz dissipa as trevas”

de Paulo Daltro de Oliveira

Páginas 109 e 110




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