FELIZ ENGANO
– Amor incondicional – Consequências dos atos – Elevação espiritual –
Fraternidade
Maria Abadia R. de
Almeida
Amaro M. Silveira, homem de pouca
cultura, mas de virtudes conhecidas, como sacerdote do lar, era o condutor
seguro dos interesses familiares. Sabia ser pai, irmão e amigo dos frutos de
sua carne.
Símbolo de dedicação fraternal
detinha a estima da comunidade em que vivia. Raros eram aqueles que não
reconheciam a grandeza de sua alma. Era, sempre, visto distribuindo pão e carinho,
sem arroubos de afetação. Como precioso agente da matemática divina,
multiplicava a alegria, dividia a dor, somava esforços e diminuía dificuldades.
Na sociedade espírita a que se
filiara, era padrão de pontualidade, responsabilidade no trato das revelações
doutrinárias e permanente bom ânimo. Jamais alguém lhe anotara a ausência, sem
motivos, nas sessões que frequentava, ainda que o barro da rua lhe embaraçasse
os passos e a borrasca desabasse ameaçadora. Nas mais insignificantes tarefas,
sua fé resplendia.
Invariavelmente, à noite,
saturado de paz infinita e debaixo de intenso cansaço, punha-se a orar. Comovido,
via-se rodeado de esmeraldinas cintilações e chorava agradecido. Alimentava o
desejo de conhecer o benfeitor que o abraçava e que, à feição de um guardião
amoroso, lhe tutelava os passos, amparando-o nas lutas diárias.
Por muitas vezes, durante anos, o
fenômeno se repetiu.
Cada vez mais feliz, Amaro não
escondia o desejo sincero de beijar as mãos do venerável amigo que lhe garantia
a vitória no Bem.
Até que, um dia, a máquina
incessante da vida, por solicitação do tempo implacável, determinou o seu
retorno ao luminoso país da verdade.
Após orar, como sempre fizera na
simplicidade de suas intenções, mentalizou a presença do companheiro celestial.
Não poderia
esperar tamanha surpresa. Agora, liberto do fardo físico, verificava,
deslumbrado, que o benfeitor era ele mesmo. As luzes que o rodeavam mais
intensamente nos momentos culminantes da prece vinham de sua própria constituição
perispiritual. Eram a expressão real e sublime do seu amor ao próximo. Eram a
auréola radiosa de sua humildade, que conquistara desinteressado com o Cristo.
Texto retirado o livro:
“A luz dissipa as trevas”
de Paulo Daltro de
Oliveira
Páginas 109 e 110
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