sexta-feira, 27 de novembro de 2020

MAUS PENSAMENTOS – Consequências dos maus desejos e pensamentos

 

MAUS PENSAMENTOS – Consequências dos maus desejos e pensamentos

João Bonon Netto

 

O pequeno Zeca entrou em casa, após a aula, batendo forte os pés no assoalho da casa.

Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo, chamou o menino para uma conversa.

Zeca, de oito anos de idade, acompanhou-o desconfiado.

Antes que o pai dissesse alguma coisa, falou irritado:

- Pai, estou com raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim para ele.

O pai, homem simples, mas, cheio de sabedoria, escutou, calmamente, o filho que continuava a reclamar:

- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos; não aceito: gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.

O pai escutou tudo calado enquanto caminhava até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.

Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propôs algo:

- Filho, faça de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.

O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra.

O varal com a camisa estava longe do menino, e poucos pedaços acertavam o alvo.

Uma hora se passou, e o menino terminou a tarefa.

O pai, que espiava tudo de longe, aproximou-se do menino e perguntou-lhe:

- Filho, como está se sentindo agora?

- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.

- O pai olhou para o menino, que ficou sem entender a razão daquela brincadeira e, carinhoso, lhe falou:

- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

O filho acompanhou o pai até o quarto e foi colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.

Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos.

O pai, então, disse-lhe ternamente:

- Filho, você viu que a camisa quase não sujou, mas, olhe só para você. O mal que desejamos aos outros é como o que aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem, ficam sempre em nós mesmos.

Zeca teceu um sorriso envergonhado e falou feliz:

- Vou tomar um banho e depois lavar a camisa.

 

Texto retirado do livro: “A luz dissipa as trevas”

de Paulo Daltro de Oliveira

Páginas 127 a 129



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