MAUS PENSAMENTOS
– Consequências dos maus desejos e pensamentos
João Bonon Netto
O pequeno Zeca entrou em casa,
após a aula, batendo forte os pés no assoalho da casa.
Seu pai, que estava indo para o
quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo, chamou o menino para uma
conversa.
Zeca, de oito anos de idade, acompanhou-o
desconfiado.
Antes que o pai dissesse alguma
coisa, falou irritado:
- Pai, estou com raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo
tudo de ruim para ele.
O pai, homem simples, mas, cheio
de sabedoria, escutou, calmamente, o filho que continuava a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos; não aceito: gostaria
que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escutou tudo calado enquanto
caminhava até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até
o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.
Zeca vê o saco ser aberto e antes
mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propôs algo:
- Filho, faça de conta que aquela camisa branquinha que está secando no
varal é seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu,
endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o
último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
O menino achou que seria uma
brincadeira divertida e pôs mãos à obra.
O varal com a camisa estava longe
do menino, e poucos pedaços acertavam o alvo.
Uma hora se passou, e o menino
terminou a tarefa.
O pai, que espiava tudo de longe,
aproximou-se do menino e perguntou-lhe:
- Filho, como está se sentindo agora?
- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de
carvão na camisa.
- O pai olhou para o menino, que
ficou sem entender a razão daquela brincadeira e, carinhoso, lhe falou:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanhou o pai até o
quarto e foi colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo
todo.
Que susto! Só se conseguia
enxergar seus dentes e os olhinhos.
O pai, então, disse-lhe
ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não sujou, mas, olhe só para você. O
mal que desejamos aos outros é como o que aconteceu. Por mais que possamos
atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a
fuligem, ficam sempre em nós mesmos.
Zeca teceu um sorriso
envergonhado e falou feliz:
- Vou tomar um banho e depois lavar a camisa.
Texto retirado do
livro: “A luz dissipa as trevas”
de Paulo Daltro de
Oliveira
Páginas 127 a 129
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