segunda-feira, 16 de novembro de 2020

NO ELEVADOR – Compreensão – Laços corporais – Laços espirituais – Perdão – Tolerância

 

NO ELEVADOR – Compreensão – Laços corporais – Laços espirituais – Perdão – Tolerância

 

Feliciano e Osório eram vizinhos que se viam muito pouco. E, por motivos desconhecidos, ao se cumprimentarem, mostravam sempre um disfarçado ar de antipatia.

Certa manhã, suas crianças que jogavam bola nas proximidades, desentenderam-se e correram para casa em prantos e reclamações.

Imediatamente os pais saíram e, em plena via pública, entraram em hostil discussão. Não fosse a intervenção de terceiros, Feliciano e Osório teriam causado escândalo ainda maior.

A contenda teve fim, enquanto um dizia:

- Desapareça de minha vista e nunca mais volte a falar comigo...!

E o outro redarguiu:

- Infeliz sou eu em ser teu vizinho!

Tudo voltou à calma quando ambos se recolheram.

À tarde, porém, vamos encontrar o nosso amigo Feliciano fazendo compras numa grande avenida.

Momentos depois, saiu de um estacionamento, conduzindo nas mãos pequeno pacote.

Apressado e meio aturdido, penetrou na portaria de um edifício, quase instintivamente entrou no elevador e acionou o botão a fim de subir ao 10º andar. Suspirou fundo, enquanto o aparelho decolou; mas, ao volver os olhos para o lado, levou um susto... Tinha como único companheiro, naquela cápsula, um homem que não era outro senão Osório, o seu vizinho.

É inútil tentar descrever o estado de espírito que dominou os dois em tão aflitiva circunstância.

Ambos pensaram logo em escapar.

Osório, precipitadamente, acionou uma tecla, tentando fugir.

Queriam afastar-se abruptamente, mas, nesse momento, por incrível que pareça, a luz se apagou e o elevador parou, imóvel. Faltou energia elétrica.

A situação se agravou. Os dois pareciam pilhas a ponto de explodir.

Mas a prisão daqueles instantes fê-los mansos. Começaram a trocar palavras em grotescos monossílabos.

O tempo foi passando...

Forçados pelo imprevisto, ali mesmo fizeram as pazes, reconsideraram o incidente da manhã e passaram a conversar sobre futebol. Ambos torciam pelo mesmo time.

Meia hora depois, o aparelho voltou a funcionar.

E, na saída, os dois, aliviados, despediram-se com um comovente abraço. Tornaram-se amigos.

Texto retirado do livro: “A luz dissipa as trevas”

de Paulo Daltro de Oliveira

Páginas 113 e 114




 

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