O BÊBADO E A BÍBLIA
– Interpretação da Bíblia – Respeito à liberdade religiosa
Esse Capelli
Já se tornou habitual a visita de
evangélicos pela manhã de sábados e domingos, com a Bíblia surrada debaixo do
braço, livrinhos e folhetos à mão, para venda por preço aparentemente
simbólico. Já e tão comum que, gracejando costumamos dizer: “Você vai lá antes
ou depois dos crentes chegarem?” É a luta dos bibliólatras pelo proselitismo.
Numa dessas abordagens por um
grupo liderado por uma senhora de fala fácil e fluente, o espírita que desejava
sair, desculpou-se:
- Eu sou espírita, peço desculpas, mas deixemos a conversa para outro
momento.
- Por isso mesmo, por ser espírita é que não deve perder a oportunidade
de ouvir a Palavra de Deus.
- Mas eu não creio na Bíblia.
A mulher estatelou os olhos, como
se ouvisse a maior de todas as blasfêmias. Um homem que estava ao lado,
visivelmente alcoolizado, interferiu:
- Muito bem, doutor, muito bem!
A mulher, com a aprovação dos
demais do grupo, olhou o homem de forma reprovadora, mas voltou insistindo:
- O Senhor tem um plano de salvação para sua alma. Por que você não crê
na Bíblia?
- Minha irmã. Eu gosto da Bíblia, ela tem coisas boas, mão não é a
palavra de Deus, pois está cheia de contradições.
- Muito bem! – gritou o homem embriagado.
A mulher voltou-se para o homem,
dardejando sobre ele os olhos reprovadores e gritou:
- Cala a boca! Você, se não mudar de vida, irá certamente para o
inferno. Você é um escravo da cachaça!
- Não, dona, eu não vou pro inferno não, eu obedeço à Bíblica. Abra
esse livro e leia o que está em Provérbios 31, versículos 6 e 7, que eu tenho
de cor e que dizem: “Dai bebida forte
aos que perecem, e vinho aos amargurados de espíritos; para que bebam e se
esqueçam da sua pobreza”.
Todos ficaram admirados com a
verve de bêbado, que, engolindo as palavras, continuou:
- Você sabe, se o vinho fosse tão ruim assim, Jesus não teria
transformado água em vinho, nas bodas de Caná.
O espírita, escondendo um leve
sorriso, disse:
- Minha irmã, por estas e muitas outras contradições é que eu não creio
na Bíblia como Palavra de Deus, Entretanto, a minha Doutrina ensina que um só é
o Pai e Criador, por isso eu respeito a sua religião e acho que nela você deve
permanecer, contanto que permita aos outros que tenham outras opiniões, sem
que, por isso sejam condenados a penas eternas.
Texto retirado do
livro: “A luz dissipa as trevas”
de Paulo Daltro de
Oliveira
Página 119 a 121
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