quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O BÊBADO E A BÍBLIA – Interpretação da Bíblia – Respeito à liberdade religiosa

 

O BÊBADO E A BÍBLIA – Interpretação da Bíblia – Respeito à liberdade religiosa

Esse Capelli

 

Já se tornou habitual a visita de evangélicos pela manhã de sábados e domingos, com a Bíblia surrada debaixo do braço, livrinhos e folhetos à mão, para venda por preço aparentemente simbólico. Já e tão comum que, gracejando costumamos dizer: “Você vai lá antes ou depois dos crentes chegarem?” É a luta dos bibliólatras pelo proselitismo.

Numa dessas abordagens por um grupo liderado por uma senhora de fala fácil e fluente, o espírita que desejava sair, desculpou-se:

- Eu sou espírita, peço desculpas, mas deixemos a conversa para outro momento.

- Por isso mesmo, por ser espírita é que não deve perder a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus.

- Mas eu não creio na Bíblia.

A mulher estatelou os olhos, como se ouvisse a maior de todas as blasfêmias. Um homem que estava ao lado, visivelmente alcoolizado, interferiu:

- Muito bem, doutor, muito bem!

A mulher, com a aprovação dos demais do grupo, olhou o homem de forma reprovadora, mas voltou insistindo:

- O Senhor tem um plano de salvação para sua alma. Por que você não crê na Bíblia?

- Minha irmã. Eu gosto da Bíblia, ela tem coisas boas, mão não é a palavra de Deus, pois está cheia de contradições.

- Muito bem! – gritou o homem embriagado.

A mulher voltou-se para o homem, dardejando sobre ele os olhos reprovadores e gritou:

- Cala a boca! Você, se não mudar de vida, irá certamente para o inferno. Você é um escravo da cachaça!

- Não, dona, eu não vou pro inferno não, eu obedeço à Bíblica. Abra esse livro e leia o que está em Provérbios 31, versículos 6 e 7, que eu tenho de cor e que dizem: “Dai bebida forte aos que perecem, e vinho aos amargurados de espíritos; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza”.

Todos ficaram admirados com a verve de bêbado, que, engolindo as palavras, continuou:

- Você sabe, se o vinho fosse tão ruim assim, Jesus não teria transformado água em vinho, nas bodas de Caná.

O espírita, escondendo um leve sorriso, disse:

- Minha irmã, por estas e muitas outras contradições é que eu não creio na Bíblia como Palavra de Deus, Entretanto, a minha Doutrina ensina que um só é o Pai e Criador, por isso eu respeito a sua religião e acho que nela você deve permanecer, contanto que permita aos outros que tenham outras opiniões, sem que, por isso sejam condenados a penas eternas.

 

 

Texto retirado do livro: “A luz dissipa as trevas”

de Paulo Daltro de Oliveira

Página 119 a 121




Nenhum comentário:

Postar um comentário