SÃO FRANCISCO NA PORTA DO CÉU
São Pedro tirou férias e São
Francisco o substituiu por bem conhecer a alma humana. Após alguns dias, no
entanto, notou-se que menos pessoas estavam entrando no céu.
Um anjo curioso foi ver se
descobria o porquê e ficou a observar São Francisco.
O próximo da fila era um homem
bem apessoado, de aparência até nobre. Qual não foi o espanto do anjo quando
viu que, enquanto o homem se aproximava de São Francisco, pulou no colo do
Santo um belo pastor alemão.
- Feroz, aí está o seu antigo senhor. O que me dizes? – perguntou o
Santo ao cão.
- São Francisco, ele me deixou preso a uma corrente minha vida inteira,
fizesse sol ou chuva, e me chutava e me batia todo o tempo. Até que um dia não
resisti e estou aqui!
Ao homem, São Francisco fechou as
portas do céu.
Então, foi a vez de uma senhora
de aparência bondosa. No colo do Santo pulou uma gata persa que disse:
- São Francisco, ela me mostrava aos amigos que chegavam e passeava
comigo no shopping. Mas em casa, me esquecia num canto e viajava sem me deixar
água ou comida suficiente. Quando adoeci, sem ao menos tentar me salvar, ela
mandou me sacrificar e comprou outro pobre animal.
São Francisco também lhe fechou
as portas do céu.
Chegou, então, uma jovem. Uma gatinha
novinha pulou no colo do santo.
A jovem disse assustada:
- Mas nunca tive filhotes! Somente um gato macho que anda vive!
A gatinha miou baixinho:
- Eu sou um dos filhotinhos que seu gato gerou na rua e que,
abandonados, desnutridos, morreram doentes poucos dias de nascidos. Tudo porque
você não queria castrá-lo, nem deixa-lo em casa.
Essa jovem também não entrou no
céu.
Finalmente, chegou a vez de um
senhor idoso. Mas, quando ele chegou perto de São Francisco, nenhum animal
apareceu. O Santo perguntou:
- Nunca tiveste um bicho de estimação?
- Não! Porque não quis animais de estimação.
Verificadas outras pendências,
São Francisco abriu as portas do céu para o homem.
O anjo surpreso, perguntou:
- Mas ele desgostava tanto dos bichos que nem os tinha!
São Francisco respondeu:
- Não ter bichos não é pecado. Os homens que dizem gostar os têm e os
tratam mal, como se fossem bibelôs ou brinquedos, se esquecem de que seus
animais de estimação não são suas criaturas, mas criaturas de Deus aos homens
confiadas para alegrar suas vidas. Esses sim prestarão contas de como cuidaram
dos animais sob sua responsabilidade.
Dea Colucci
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