sábado, 16 de março de 2024

AS DUAS LUISINHAS - caráter, ser verdadeiro, mentira, fingimento

                                                    AS DUAS LUISINHAS

 

Luisinha era uma menina bonita. Tinha os cabelos castanhos, lindos e grandes olhos escuros.

Quando saia para passear ou para ir o colégio, todos admiravam, principalmente por seus bonitos modos.

- Que bela menina! - diziam alguns,

- Ela é muito bem educada! - acrescentavam outros.

- E como é gentil com todos! - diziam ainda.

Luisinha ficava faceira ao ouvir tais elogios e cada vez mais, caprichava em seu comportamento, quando saía.

Acontece, porém, que havia na menina duas Luisinhas: a Luisinha de casa e a Luisinha fora de casa.

Enquanto a Luisinha fora de casa era amável, alegre e educada, a Luisinha de Casa era ranzinza, briguenta e desatenciosa.

Enquanto a Luisinha fora de casa era uma menina obediente e caprichosa, a Luisinha de casa era desobediente e relaxada.

A sorte da menina é que ninguém conhecia a Luisinha de casa. Isto é: ninguém de fora! Porque mamãe e vovó a conheciam muito bem. Por isso mesmo andavam bastante preocupadas e tristes.

Reclamavam, aconselhavam, mas Luisinha de casa não se corrigia, embora, algumas vezes, prometesse fazê-1o.

Certa ocasião, porém, deu se um fato na vida de Luisinha que a modificou por completo. O acontecimento foi tão desagradável, que toda vez que ouvia comentários sobre ele, a menininha chorava de vergonha.

Que fato teria sido então? É o que vamos narrar:

Era uma tarde muito quente. As janelas da casa de Luisinha estavam abertas. A menina fazia suas lições sentada à mesa da sala. Sentada?! Não. Acocorada na cadeira! À sua volta, lascas de lápis, papéis amassados, borracha no chão...

Em dado momento, vovó comentou:

- Que horror! Onde se viu estudar assim?

- Já começou?... Pois é assim que eu gosto! - respondeu a menina com maus modos.

Vovó ficou triste, mas mamãe reclamou:

- Que maneiras são estas de falar com sua avó?

- Pronto! Não estudo mais... ⁃ gritou Luisinha, furiosa, atirando o caderno na mesa.

Nesse momento ouviu-se uma voz:

- Dá licença, D. Laura?

Luisinha sobressaltada, virou-se para a janela.

- Oh! exclamou, vermelha que nem tomate maduro.

- Entre! Entre! - disse sua mãe, abrindo a porta.

Quem era?... A professora!... Logo ela, que tanto elogiava Luisinha!

- Vim buscar o caderno que emprestei à minha aluna querida, - falou a professora à mamãe. - Onde está ela?...

Luisinha respirou aliviada: "Que bom! Ela não viu nada", pensou. E meio sem jeito, aproximou-se, dizendo timidamente:

- Estou aqui...

A professora virou-se e, muito séria, perguntou:

- Quem ć você, menina?

- Sou a Luisinha, professora... - respondeu admirada.

- Luisinha?... você não é a Luisinha que eu conheço... -- E virando-se para a mãe, que presenciava a cena, calada, tornou a falar:

- Quando minha Luisinha voltar, diga-lhe para não se esquecer de levar o caderno amanhã, sim?

A professora despediu-se e saiu. Luisinha, parada, estava com os olhos cheios de lágrimas. Teve certeza: e professora vira e ouvira tudo! E ao notar tristeza com que sua mãe a olhava, atirou-se nos seus braços, exclamando entre soluços: - Que vergonha, mamãe! Que vergonha...

- Aproveite a lição, minha filha: Aproveite a lição... - dizia a mãe, acariciando-lhe os cabelos.

A lição foi muito bem aproveitada, pois desde aquele dia só houve uma Luisinha: a boa menina.

Mamãe, papai e vovó estavam agora muito felizes!



Nenhum comentário:

Postar um comentário