O PALHACINHO
Certa vez, um pequeno circo chegou a uma cidadezinha do interior, com apenas três trailers, que transportavam os artistas, servindo-lhes de moradia; com rodas, janelas e até uma chaminé que fumegava sempre, chamando a atenção das pessoas que passavam.
Entre os artistas mirins do pequeno circo, destacava-se o palhacinho: um lindo menino de dez anos, moreno de cabelos crespos que saíam do pequeno chapéu. Era Jorge, o filho do dono do circo. Tornara-se popular, pois sempre andava com a fantasia de palhaço.
Jorge era um bom menino. Esforçava-se
para desempenhar bem o seu papel nas atividades do circo, assim como ajudava os
outros em suas tarefas.
O pai de Jorge sentia-se muito
orgulhoso do filho e se considerava um homem feliz. No entanto, ultimamente
andava preocupado com as finanças do circo, mesmo com maravilhosos espetáculos,
pois o frio e as chuvas frequentes afastavam as pessoas do circo.
Numa noite de imenso frio, o circo estava quase deserto. Os artistas ficaram desanimados, mas o palhacinho se esforçava em alegrar o público presente, dando saltos, agarrando-se à cauda dos cavalos, andando de pernas pro ar, cantando canções engraçadas, sempre com sorriso em seu rostinho. O pai olhava-o com admiração, mesmo estando um tanto triste.
Todos sabem que os circos
sobrevivem das contribuições dos pagantes, e com o público ausente, não há
rendimentos.
Nessa mesma noite, estava
Sérgio com seu pai para verem o espetáculo. O pai era jornalista e trabalhava
num jornal. Sérgio ficou sério ao perceber que havia poucas pessoas no circo, mesmo
divertindo-se com as piruetas do palhacinho; e como era um menino muito bom,
generoso e inteligente, virou-se para o pai e disse penalizado:
- Que pena, pai! Tão poucos assistentes e um espetáculo tão bom! Gostaria
tanto que outras pessoas vissem as proezas do palhacinho!
O pai sorriu com ternura e
respondeu:
- Creio que uma boa propaganda colocada no jornal despertaria o interesse
do povo. Amanhã mesmo escreverei um artigo sobre o palhacinho do circo. Que acha
da ideia, filho?
- Ótima ideia, pai! Aqui na cidade todos gostam do que o senhor escreve. Garanto
que na próxima apresentação o circo estará cheio. - falou Sérgio
entusiasmado.
No dia seguinte foi publicado
no jornal da cidade um belo artigo com uma ilustração do palhacinho. A propaganda
deu resultado levando uma multidão ao circo atraída pelo artigo.
Sérgio e o pai também foram e
sentaram-se bem na frente, aplaudindo as proezas do palhacinho, que já sabia do
artigo no jornal e que estava ali presente o autor.
O pai de Sérgio, vendo que o
palhacinho olhava para ele com insistência, compreendeu e para evitar
agradecimentos, preferiu sair, dizendo ao filho:
- Espero você lá fora, meu filho. Fique até terminar.
O palhacinho fez algumas
acrobacias sobre o cavalo e toda vez que passava perto de Sérgio, olhava-o sorrindo.
Jorge, então, começou a andar ao
redor do picadeiro com o chapéu entre as mãos, recebendo as moedas e caramelos
que o público jogava. Ao chegar perto de Sérgio, em vez de apresentar o chapéu,
retirou-o e passou adiante, deixando-o entristecido.
Sérgio levantou-se ao final,
meio aborrecido, e procurou o pai, quando sentiu que lhe tocavam no braço, era
o palhacinho, que muito sorridente, lhe entregou um punhado de caramelos.
- Quer aceitar estes caramelos? – perguntou timidamente estendendo-lhe
as mãos.
Sérgio sorriu e, para ser
agradável, pegou uns três, deixando o palhacinho muito contente.
- Quero agradecer a você e a seu pai. Não podem imaginar o bem que nos
fizeram com aquela notícia no jornal. Nunca me esquecerei de vocês e rezarei
sempre pela sua família. – falou o pequeno palhacinho, pedindo um abraço.
- Dê-me dois. – respondeu Sérgio.
Então, o palhacinho abraçou-o,
dizendo ainda, com muito carinho:
- Leve um para seu pai.
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Da Apostila
Evangelização Infanto-juvenil
Primário A, aula 22
- Gratidão