sábado, 31 de dezembro de 2011

Parábola do Óbolo da Viúva

ÓBOLO DA VIÚVA.

      “Jesus e seus discípulos estavam reunidos defronte ao grande templo de Jerusalém, perto do vaso onde se recolhiam as oferendas – o gasofilácio. Muitas pessoas iam e vinham, depositando ali seus donativos. Eram moedas, tecidos, peças de ouro e prata, jóias, enfeites variados, tudo muito bonito e caro. O Mestre observava.
        Dali a pouco, uma pobre mulher viúva aproximou-se do vaso de oferendas e depositou nele, timidamente, duas pequeninas moedas no valor de dez centavos cada uma.
        Os ricos em torno se riram da humilde oferta, e ela se afastou silenciosamente, talvez envergonhada pelo pouco que dera.
        Jesus, porém, observando-a, chamou os discípulos e lhes disse: - “Observem esta mulher. Digo-lhes que, mesmo sendo tão pequeno o valor das moedas que deu, ela ofereceu muito mais que todos. Os outros deram muito porque tinham muito, e ainda lhes sobrou muito, depois de haverem feito a sua oferta. Ela, porém, deu tudo o que tinha, deu o que lhe era necessário, e não as sobras. Assim demonstrou o seu amor e a sua boa-vontade, e por isso e sua doação é muito preciosa aos olhos de Deus.”
                                                                                      (Marcos cap. XII, v.41-44)

      Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus sentidos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro  o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis voz fizessem; amai os  vosso inimigos; perdoais as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade eis o que não cessa de recomendar e o que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.
      No quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura, alegoria. A homens como os a quem falava,  ainda incapazes de compreender as questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais chocantes e próprias a impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha mesmo de não se afastar muito das ideias correntes, quanto à forma, reservando sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas palavras e dos pontos sobre os quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade reservada ao justo e da infelicidade que espera o mau.
      Naquele julgamento supremo, quais os considerandos da sentença? Sobre o que se baseia o libelo? Pergunta, porventura, o juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou qual prática exterior? Não; inquire tão somente de uma coisa: se a caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita, vós que assististes os vossos irmãos: passai à esquerda, vós que fostes duros para com ele. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé?  Faz qualquer distinção entre o que crê de  um modo e o que crê de outro? Não, Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como um das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. (2)
      Muita gente deplora não poder fazer todo o bem que desejara, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, é, que dizem, para lhes dar boa aplicação. É sem dúvida louvável a intenção e pode até nalguns ser sincera. Dar-se-á, contudo, seja completamente desinteressada em todos? Não haverá quem, desejando fazer o bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo alguns gozos a mais, por usufruir  um pouco do supérfluo que lhe falta, pronto  a dar  aos pobres o resto? Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, que  se lhes depararia no fundo dos seus corações, se eles os perscrutassem, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si. O ponto sublimado da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos. Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. Infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de mais facilmente se enriquecer de súbito e sem esforço, correndo atrás de quimeras, qual a descoberta de tesouros, de uma favorável ensancha aleatória, do recebimento de inesperadas heranças, etc. Que dizer dos que esperam encontrar nos Espíritos auxiliares que os secundem na consecução de tais objetivos? Certamente não conhecem, nem compreendem a sagrada finalidade do Espiritismo e, ainda menos, a missão dos Espíritos a quem Deus permite se comuniquem com os homens. Daí vem o serem punidos pelas decepções. (O LIVRO DOS MÉDIUNS, 2ª parte, nº 294 e 295)
      Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer ideia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem  de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que se dá, privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma. Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas,  se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que não se tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil aos seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para que tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva. (1)

1.       O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Allan Kardec  Cap. XIII – 6
2.   O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO -  Allan Kardec    Cap. XIII – 3


A ESMOLA

      Em o Livro dos Espíritos, questão 888, Allan Kardec faz a seguinte pergunta: Que pensar da esmola?
              - O homem reduzido a pedir esmolas se degrada moral e fisicamente: se embrutece. Numa sociedade       baseada na lei de Deus e na justiça deve-se prover a vida do fraco sem humilhação para ele. Deve-se assegurar a existência dos que não podem trabalhar, sem deixá-los à mercê do acaso e da boa vontade.
Face à resposta do Espírito, o Codificador indaga:
      888-ª Então condenais a esmola?
      O Espírito comunicante (São Vicente de Paulo) oferece a Kardec e à posteridade um pequeno ensaio sobre a Caridade, abordando-a sob diversos ângulos. Lá às linhas tantas, argumenta:
`” É necessário distinguir a esmola propriamente dita da beneficência. O mais necessitado nem sempre é o que pede. Sede portanto caridoso, não somente dessa caridade que nos leva a tirar do bolso o óbolo que friamente atirais ao que ousa pedir-nos, mas ide ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes para com os erros dos nossos semelhantes. Em lugar de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os. Sede afáveis e benevolentes para com todos os que vos são inferiores; sede o mesmo para com os mais ínfimos seres da criação, e tereis obedecido à lei de Deus.”
      A mensagem é de uma simplicidade cristalina; entretanto, reflete verdades incontestáveis. A maioria das pessoas não se conduz conforme especificou a esclarecedora entidade. E o que recomendou se encontra o bojo do Evangelho de Jesus, que é a “Constituição moral da Humanidade” elaborada à luz das leis naturais. Entende-se, por aí, que a caridade se limita, apenas, à satisfação de necessidades materiais. Não resta a menor dúvida que a caridade material é válida, sendo acessível a todos; todavia, a caridade moral que deveria estar no cerne da vida de relação é pouquíssima posta em prática.
      E a caridade, em sua maior e lídima expressão, como afirmou Paulo de Tarso, “é paciente, é benigna; não é invejosa, não se ensoberbece. Não é ambiciosa, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”(1ª Epístola aos Coríntios).
      Mas o problema não é se fazer uma revisão do conceito de caridade, embora se propague, à larga, essa necessidade: deve-se, acreditamos, promover um trabalho de reflexão íntima, possibilitando ao homem uma reavaliação de sua visão da vida e das coisas do mundo. Sentir que ele é capaz de imprimir às instituições sociais um outro rumo adequado às prioridades humanas. É claro que esta é uma proposta aparentemente utópica no atual estágio de desenvolvimento moral da Humanidade. Mas é o único caminho, a nosso ver, para se atingir um consenso ético em nível do que se postula o Evangelho de Jesus. Ali se consubstanciam as normas e diretrizes para a consecução do desiderato, que poderia ser cumprido a longo prazo, é verdade, caso levassem a sério os seus ordenamentos. De qualquer sorte, a caridade, segundo se concebe na atualidade, está realmente de acordo com o que o homem pensa sobre a vida e o porquê da vida, cujo sentido espiritual fica ao sabor de superficiais especulações filosóficas...
                             Elucidações Kardecistas – Carlos Bernardo Loureiro – Cap.39


TEMA
INCENTIVO INICIAL
ATIVIDADE
Fraternidade, Caridade
Apresentar uma figura de pessoas pobres.
Questionar o que falta a essas pessoas. (Dinheiro)
Elas podem ajudar alguém mesmo não tendo dinheiro?
Pintura de um dos desenhos da parábola.













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